Secretária de Saúde de Campo Alegre Deisi Estela Amorin, participa de reunião de gerentes da saúde de todos os municípios do planalto norte e nordeste catarinense

Durante esta terça-feira, secretários e gerentes de saúde de todos os municípios do planalto norte e nordeste catarinense estiveram reunidos em São Bento do Sul para o encontro da Comissão Intergestora Regional Planalto Norte Nordeste, que contou com a participação do Secretário de Estado da Saúde Vicente Caropreso.

Na pauta, diversos temas foram apresentados e debatidos, como: Conferência Macro Regional de Saúde; judicialização de medicamentos, cirurgias eletivas; dentre outros.

Durante sua conversa com os presentes, Vicente Caropreso tratou de diversos temas, e um dos mais polêmicos foi a judicialização da saúde.

Caropreso também tratou de outras questões como orçamento da saúde, cirurgias eletivas, verbas para hospitais filantrópicos, e Samu.

Judicialização da Saúde – Inicialmente o secretário de Saúde de São Bento do Sul, Dr. Manuel Del Olmo, fez algumas considerações quanto à Judicialização da Saúde. Conforme explanou Dr. Manuel, atualmente são totalizados R$ 110 mil  por mês para atender a demanda da judicialização. Para o secretário, “faltam políticas de saúde para estabelecer critérios que contribuam para a resolução deste problema que é a judicialização da saúde”.

Orçamento – Vicente Caropreso abordou um tema considerado crítico, o orçamento da Secretaria de Estado da Saúde – SES.

Conforme comentou, “o orçamento é finito, o orçamento da Saúde é de R$ 3,2 bilhões ao ano, um terço vem do Ministério da Saúde e dois terços vem do governo do Estado. O fato é que esses R$ 3,2 bilhões não chegam porque existem direitos infinitos, e o orçamento é finito”, disse se referindo à judicialização.

Judicialização – Sobre o tema Caropreso disse que “nos últimos 6 anos nós gastamos R$ 1,1 bilhão devido a judicialização. Esse é exatamente o furo em nosso orçamento. O orçamento está certo, mas os direitos são muito maiores do que cabe no orçamento, simples assim”, disse.

Atualmente a Secretaria de Estado da Saúde recebe 60 processos por dia, equivalentes a R$ 4,6 milhões por mês. “É uma angústia atrás de angústia para tapar furos e poder manter as coisas”, disse o secretário.

Um exemplo citado por Caropreso da judicialização que obriga o Estado a utilizar recursos que não estavam orçados ocorreu recentemente.

“Surgiu a situação de uma pessoa querendo fazer uma cirurgia em Nova York , um transplante que é condenado pela medicina mundial e brasileira, e um dia depois da cirurgia o indivíduo morreu, e nós gastamos R$ 5,4 milhões em uma cirurgia”, disse.

Reforçar os postos de saúde – Sobre a melhor forma de trabalhar neste cenário Caropreso defendeu que é hora de manter bem as coisas essenciais. 

Conforme comentou, “não é hora de comprar equipamentos caros, de serviços complexos, é hora de manter bem direitinho as coisas mais básicas para a população, manter a qualidade lá na ponta, no posto de saúde, e proporcionar resolutividade o máximo possível, atendendo melhor a população, de forma mais humanizada”, disse Caropreso, explicando que todos esses fatores somados à informatização das unidades e a gerência bem aplicada são necessários para o trabalho de excelência, o que evita lotar as especialidades.

Cirurgias Eletivas – Sobre a continuidade das cirurgias eletivas o secretário disse que esteve início da semana passada em Brasília e conseguiu junto ao ministro Ricardo Barros mais R$ 10 milhões do Ministério da Saúde para o custeio de cirurgias eletivas.

“Com esses R$ 10 milhões que serão liberados hoje ou amanhã, somados aos R$ 12 milhões da ALESC, mais R$ 8 milhões que já haviam sido repassados pelo Ministério da Saúde, serão R$ 30 milhões para cirurgias eletivas, e até o final do ano serão realizadas 28 mil cirurgias. Vai ter muito trabalho para os hospitais” disse Caropreso.

Hospitais – Sobre o custeio dos hospitais Caropreso foi firme: “nós temos que rever a política de incentivos da SES para os hospitais filantrópicos, do jeito que está a SES não sobrevive”, disse o secretário.

Conforme levantou com os secretários e gerentes presentes, Caropreso disse que é necessário trazer novas idéias, discutir regionalmente com audiências para saber quem merece o que e quanto, para tornar claro que dinheiro público tem que ser transparente, tem que ser visível, e tem que haver uma lógica para ajudar.

“Tem hospital que estamos ajudando com R$ 1,8 milhão por mês, tem outro que ajudamos com R$ 900 mil por mês, outro com R$ 600 mil, e eu não consigo pagar mais tudo, não está mais dando”, disse.

O secretário explicou que um diagnóstico foi realizado dentro da SES, “temos um orçamento de R$ 3,2 bilhões ao ano e 1/3 desse orçamento fica com 13 hospitais. R$ 1,1 bilhão vai para 13 hospitais públicos diretamente relacionados com a SES. Vocês sabiam disso? É um fardo que vocês não imaginam”, exclamou.

Ainda explicando a utilização desses recursos, Caropreso disse que os valores são destinados para manter limpeza, conservação, segurança, manter aparelhos e salários. 

Conforme disse: ” 80% disso vai para salários. Nós tínhamos uma folha até 2013, 2014 de R$ 750 milhões ao ano, hoje passou para R$ 1 bilhão e 430 milhões ao ano, então é muito duro”, concluiu.

Ações diretas nos hospitais – Como o cenário é preocupante, o secretário disse que é necessário realizar um diagnóstico e que algumas dessas unidades tem que mudar a forma de administração.

Conforme anunciou, “nós vamos intervir, logo, logo.”

Um exemplo citado por Caropreso com relação a falta de recursos foi do Hospital Tereza Ramos, em Lajes. 

“Nós temos uma torre nova com 92 leitos no Hospital Tereza Ramos e necessitaremos de 980 novos funcionários para manter a estrutura, e nós não temos condição de lidar com isso. É impossível! Não dá!”, desabafou.

Para recuperar a situação dos gastos Caropreso anunciou que “teremos de tomar algumas decisões quanto a alguns hospitais, e logo vocês vão saber onde serão essas intervenções”, concluiu.

SAMU – “E finalmente SAMU”, como disse Caropreso.

Sobre o Samu o secretário comentou que o contrato de gestão com a empresa contratada encerrou em 22 de junho mas prorrogaram por mais 6 meses.

Segundo Caropreso, a SES está trabalhando para firmar um contrato de gestão do SAMU com o Corpo de Bombeiros e com o Corpo de Bombeiros Voluntários no estado. “Queremos atrair para esse arsenal do Corpo de Bombeiros Militares e o Corpo de Bombeiros Voluntários. Os postos avançados do SAMU ficarão nos quartéis do Corpo de Bombeiros. Esta gestão se efetivará porque nós precisamos de gente preparada, com iniciativa e que tome decisões nos momentos em que precise”, finalizou o secretário, que relembrou o recente caso ocorrido em Mafra.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Prefeitura de São Bento do Sul