Festa Estadual da Ovelha atraiu 55 mil pessoas

Nem a garoa e a queda de temperatura impediram o público de participar da 13ª Festa Estadual da Ovelha, que reuniu cerca de 55 mil pessoas, no final de semana, em Campo Alegre. Durante os três dias de festa, o consumo de carne de ovelha chegou a  9,5 mil quilos, 800 kg a mais que no ano passado.

A estratégia da comissão organizadora de ampliar a praça de alimentação, colocar mais um posto de entrega de carne e salada e espalhar  postos de venda de almoço pela cidade trouxe maior comodidade para quem desejava saborear o prato principal do evento. “Tivemos uma pequena redução no público, a qual atribuímos à interdição da BR 280, entre São Bento e Corupá, mas o consumo de carne aumentou”, constata Auriene Röepke, integrante da comissão organizadora. Os dados sobre venda de carne de ovelha crua só serão conhecidos pela comissão na segunda-feira.

Na manhã de domingo, houve desfile festivo. Escolas, associações, comerciantes, agricultores e indústrias mostraram os principais atrativos campo-alegrenses. “Estou impressionado com a hospitalidade dessa gente”, comentou o paranaense Pedro da Silveira. Antes do desfile, aproximadamente 700 motos e quadriciclos tomaram a rua Coronel Bueno Franco na largada da Trilha da Ovelha.  “No ano passado, tivemos 263 inscritos”, compara Rinaldo de Souza, um dos organizadores da prova.

Dezesseis atrações musicais, de dança e humorísticas apresentaram-se no palco do Calçadão da Cascatinha, com acesso gratuito ao público. O show mais concorrido foi o de sábado, com Chiquito e Bordoneio, que reuniu cerca de 14 mil pessoas. No domingo, houve pico de público a partir das 16 horas, quando o Calçadão e a área de shows ficaram completamente lotados. Aproximadamente 100 barracas venderam artesanato, roupas, brinquedos e produtos alimentícios, além do setor de máquinas agrícolas e veículos.

A realização da festa é do Núcleo de Ovinocultores e Prefeitura Municipal, com apoio do Governo do Estado, através do Funturismo e Secretaria Estadual de Turismo, Cultura e Esporte. Na próxima semana, a comissão organizadora da festa reúne-se para avaliar o evento e começar a planejar a edição do próximo ano. “O sucesso da Festa da Ovelha só é possível porque toda a comunidade se envolve, participa, ajuda e quem ganha é o município como um todo”, destaca o prefeito Vilmar Grosskopf. 

  Bom momento para a ovinocultura

Os criadores de ovinos vivem um bom momento. O aumento no consumo da carne de ovelha, aliado à diminuição das vendas do Uruguai para o Brasil, gerou uma valorização do produto no mercado nacional. O Uruguai chegou a ser responsável por 10% da carne consumida no Brasil, mas reduziu as exportações para atender o mercado europeu e norte-americano. A opção uruguaia elevou o preço da carne de ovelha nacional.

O criador Eduardo Schulz, proprietário da Cabanha Campo Alegre, explica que a produção brasileira de ovinos ainda é insuficiente para atender toda a demanda interna. “O consumo de carne de ovelha vem crescendo muito, com grandes redes de supermercados oferecendo o produto”, observa Schulz. No ano passado, o preço médio do quilo do animal vivo era de R$ 3,00 e passou a R$ 6,50 em 2011. “A ovinocultura tem bom espaço para crescer ainda mais”, aposta o criador.

A Cabanha Campo Alegre cria matrizes e reprodutores. Por meio da transferência de embriões e inseminação artificial, garante qualidade aprimorada do rebanho. “Um reprodutor reservado de grande campeão em Esteio, que adquirimos recentemente, custou R$ 10 mil”, conta Schulz. “Um animal puro de origem, com um ano, custa em torno de R$ 2 mil”, afirma.

A exposição de ovinos reuniu 99 animais de raça, de oito cabanhas de Campo Alegre e Mafra. O público pôde ver de perto ovelhas das raças Ille de France, Texel, Suffolk, Poll Dorset, Crioula, Black Texel, Dorper e Humpshire Down. O criador Áureo Merkle e seu sócio Roberto Ecke incluíram a raça crioula no seu rebanho. “É uma ovelha mais rústica e que se adapta bem à região”, comenta Merkle. O crescimento na procura pela carne de ovelha levou os dois empreendedores a comercializar cortes congelados de cordeiro. Partes nobres do animal, como o carré francês, podem chegar a R$ 55,00 o quilo. “Criamos os cordeiros aqui em Campo Alegre e o abate ocorre com oito meses, assim a carne fica bem tenra e com baixo teor de gordura”, explica o produtor.