Erva Mate do Planalto Norte quer destaque internacional

A erva mate está diretamente ligada à história do Planalto Norte de Santa Catarina. O produto foi o responsável por todo um ciclo de desenvolvimento da região e até hoje se destaca pela qualidade e sabor característico. Os ervais podem voltar a colocar a região em destaque no país e até no exterior se um projeto liderado pela Epagri for colocado em prática. Trata-se da busca de certificação de Indicação Geográfica (IG).
A IG é um atestado de que uma região é referência em determinado produto. No Brasil existem atualmente seis IGs: os vinhos do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul; a carne do Pampa Gaúcho; a cachaça de Parati; o café do Cerrado; o couro do Vale dos Sinos e as uvas do Vale São Francisco. Esses produtos ampliaram seus mercados dentro e fora do país, graças ao reconhecimento de sua qualidade e reputação diferenciada. O técnico da Epagri Adriano Martinho de Souza, da Estação Experimental de Canoinhas, acredita no potencial da erva mate como produto que possa obter a IG no Planalto Norte.
Na manhã de terça-feira, Souza conversou com lideranças e membros da Cooperativa de Erva Mate de Campo Alegre. “A erva Tupã, fabricada pela cooperativa, é uma das marcas mais antigas, lançada na década de 1940 e isso é uma das mostras do quanto Campo Alegre é importante nesse contexto”, disse Souza.
O café da Colômbia, a champanhe da França, o vinho do Chile estão entre os exemplos citados por Souza de como a obtenção da IG pode favorecer o fortalecimento dos produtos. O pesquisador citou um relato de Ave-Lallemant, escrito em 1858, e que já descrevia a atividade de extração de erva em Campo Alegre. “Temos, portanto uma reputação histórica, uma tradição ervateira que precisa ser valorizada”, afirmou.
O próximo passo para a busca da IG é a formação de uma associação que reúna representantes de ervateiros dos municípios da região. Entre as vantagens de se obter a certificação estão a valorização do produto, o fortalecimento da cadeia produtiva, preservação da atividade ervateira, maior competitividade e até mesmo a preservação ambiental, pois a exploração dos ervais nativos é plenamente sustentável e com índice praticamente  nulo de agressão ao ambiente. Os ervateiros campo-alegrenses ficaram interessados em aderir ao projeto.  Novas reuniões deverão acontecer para dar continuidade ao processo de busca da certificação junto ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual).