Campo-Alegrense representa o Brasil em evento internacional
A estudante de Direito Vivian Conrad da Silva, de Campo Alegre, vai representar o Brasil na Consulta Latino-Americana de Pessoas com Deficiência. O evento ocorre em Quito, no Equador, de 13 a 16 de novembro e reúne participantes de Cuba, Venezuela, Uruguai, Brasil, Argentina, Equador e Costa Rica. Entre inscritos de todo o país pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, apenas Vivian e um rapaz de Brasília-DF foram selecionados.
Vivian tem apenas 25% da visão, trabalha em um escritório de advocacia em Campo Alegre e cursa Direito na Univille, em São Bento do Sul. Em Quito, ela vai apresentar uma pesquisa sobre a Lei de Cotas, adotada por vários países, inclusive pelo Brasil. Surgida na Europa, após a 1ª Guerra, para facilitar a colocação de ex-combatentes no mercado de trabalho, a Lei passou a abranger outros trabalhadores com deficiência por recomendação da OIT (Organização Internacional do Trabalho). O sistema varia bastante nos países que o adotam. Na Alemanha, por exemplo, a partir de 16 empregados a empresa é obrigada a destinar 6% das vagas para pessoas com deficiência. Na França o percentual é o mesmo a partir de 20 empregos gerados e na Holanda varia de 3 a 7%, conforme os acordos coletivos. Na Venezuela, a proporção é de uma vaga para pessoa com deficiência a cada 50 empregados.
No Brasil, a Lei de Cotas prevê a reserva de 2% de vagas para pessoas com deficiência, nas empresas com 100 a 200 empregados; 3% em empresas até 500 funcionários; 4% até mil e 5% para empresas com mais de mil trabalhadores. O índice é baixo para um país que possui 24,5 milhões de habitantes com deficiência, ou seja, 14,5% da população, segundo dados do IBGE (2003). Em todo o mundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que sejam 610 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência.
Em sua apresentação, Vivian vai mostrar que Santa Catarina tem cerca de 27 mil vagas no mercado de trabalho destinadas a pessoas com deficiência e 1.185 empresas aptas a oferecer cotas, porém, de 2000 a 2007, apenas 917 postos de trabalho foram ocupados por pessoas com deficiência. “A lei existe, mas nem sempre é cumprida, pois ainda há muita discriminação”, afirma Vivian. Acompanhada do pastor Túlio Jansen, Vivian visitou o prefeito Vilmar Grosskopf na manhã de segunda-feira e entregou uma cópia do trabalho que vai apresentar em Quito. “É um orgulho para Campo Alegre contar com uma cidadã como a Vivian que, além de ser um exemplo de vida, dedica-se a trabalhar pelo bem de outras pessoas com deficiência”, comentou o prefeito.
Quando retornar do Equador, Vivian vai divulgar os resultados do encontro em várias cidades do país. Para 2010, já tem participação agendada na Feira de Produtos para Pessoas com Deficiência, em São Paulo, e no Conselho da Juventude, no Paraná.